Caos pode levar ao fecho da maternidade em Portimão, CHUA nega

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Urgências encerradas, serviços de saúde ‘ioiô’, utentes desesperados, unidades com falta de especialistas, assimetrias no pagamento de horas extra, profissionais a ‘fugirem’ para o privado, classes envelhecidas, falta de formação de internos, dificuldade em assegurar escalas, um novo hospital na gaveta, uma ministra demissionária e um eurodeputado eleito para o Ministério da Saúde. Este tem sido o cenário tumultuoso que, no Algarve, pode custar a continuidade dos serviços da maternidade de Portimão. O JA voltou a fazer um ponto de situação do estado da saúde na região e as notícias não são animadoras

Em visita ao Hospital de Portimão, no dia 6 de setembro, o presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos (OM), Alexandre Valentim Lourenço, alertou para a necessidade de reorganizar os serviços de Pediatria e Obstetrícia nos dois principais hospitais da região. Para o dirigente, a resolução do problema que afeta os blocos de partos e urgências pediátricas em Faro e Portimão, poderá passar pelo encerramento de serviços e diferenciação entre as duas unidades. Em declarações ao JA, a presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), Ana Vargues Gomes, afasta a possibilidade de encerramento da maternidade de Portimão.
Segundo informações a que o JA teve acesso, o Conselho Regional do Sul da OM aguarda o parecer do Colégio da Especialidade, órgão que irá determinar o futuro da Unidade de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Portimão. Alexandre Valentim Lourenço admitiu que “só uma maternidade não serve a região”, ainda que não lhe choque a opção “de ser Faro a receber a maior parte das grávidas”. O responsável acrescentou ainda a necessidade de uma separação de serviços, com “consultas da especialidade em Portimão” e “os blocos de partos de programação e cesarianas eletivas em Faro”.
“A OM não encerra maternidades. Quem encerra maternidades é o Ministério da Saúde”, começa Ana Vargues Gomes. Perante um cenário de alerta por parte da OM, a presidente do CHUA esclarece que “não há nenhuma indicação nesse sentido encerrar a maternidade.” Na sua visão, a informação difundida pelo presidente do Conselho Regional do Sul da OM, “cria um alarmismo sem fundamento, uma vez que não há qualquer intenção, nem nossa, nem do Ministério da Saúde em fazê-lo”, afirma.
Se em Portimão fecham serviços “por falta de pediatras”, segundo o responsável da OM, em Faro há “falta de obstetras, mas pediatras em número suficiente”, o que revela “um problema de estrutura e de organização hospitalar” que não se resolve com “pensos rápidos”, proferiu Alexandre Valentim Lourenço.

portimao hospital
Hospital de Portimão

Ao JA, Ana Vargues Gomes diz-se “surpreendida” com as declarações do presidente do Conselho Regional do Sul da OM, e explica porquê: “Não temos falta de médicos obstetras em Portimão, nem em Faro”, assegura. A responsável justifica “as limitações” que têm ocorrido nas unidades de ginecologia e obstetrícia da região durante o verão, “com a questão da falta de pediatras”, que garante “estar a resolver com a contratação de novos profissionais da especialidade que têm mostrado interesse em vir trabalhar para o CHUA”, vinca.
A presidente do Conselho de Administração do CHUA afirma que “não há qualquer limitação na área de ginecologia/obstetrícia nem nenhuma perspetiva de fechar a maternidade de Portimão”, reforça. A mesma fonte frisa que “quando o doutor Alexandre Valentim Lourenço fala em problemas de organização, “só pode ter sido confusão da sua parte, uma vez que foi partilhado com ele, como foi feita a nossa organização para este período do verão de forma atempada, tendo o mesmo decorrido sem problemas de maior, dando resposta às necessidades da região com todos os turistas que por cá recebemos, não tendo sido notícia como noutros anos estávamos habituados”, contrapõe.

Ao JA, Ana Vargues Gomes diz-se “surpreendida” com as declarações do presidente do Conselho Regional do Sul da OM, e explica porquê: “Não temos falta de médicos obstetras em Portimão, nem em Faro”, assegura. A responsável justifica “as limitações” que têm ocorrido nas unidades de ginecologia e obstetrícia da região durante o verão, “com a questão da falta de pediatras”, que garante “estar a resolver com a contratação de novos profissionais da especialidade que têm mostrado interesse em vir trabalhar para o CHUA”, vinca.
A presidente do Conselho de Administração do CHUA afirma que “não há qualquer limitação na área de ginecologia/obstetrícia nem nenhuma perspetiva de fechar a maternidade de Portimão”, reforça. A mesma fonte frisa que “quando o doutor Alexandre Valentim Lourenço fala em problemas de organização, “só pode ter sido confusão da sua parte, uma vez que foi partilhado com ele, como foi feita a nossa organização para este período do verão de forma atempada, tendo o mesmo decorrido sem problemas de maior, dando resposta às necessidades da região com todos os turistas que por cá recebemos, não tendo sido notícia como noutros anos estávamos habituados”, contrapõe.

CHUA garante que grávidas têm sido acompanhadas
“As grávidas com mais de 35 semanas de gestação vão sempre para Faro porque é onde existe a unidade de cuidados intensivos neonatais. E não faz sentido haver duas unidades destas”, explica Ana Vargues Gomes, que defende o serviço prestado e os esforços feitos nos últimos meses. Para assegurar a segurança das parturientes e dos recém-nascidos “foi criado um dispositivo com a Proteção Civil, com o INEM, com os nossos enfermeiros e médicos para que as grávidas que fossem de mais longe e que estivessem em trabalho de parto, a ambulância que as fosse buscar passava no Hospital de Portimão, sempre com o apoio de uma das nossas enfermeiras e um médico, dependendo da gravidade da situação, e seguiam para o Hospital de Faro. Isto foi feito desde o ínicio e quando ainda não havia sequer a comissão das maternidades”, sublinha.
Alexandre Valentim Lourenço, referiu-se aos sistemas de transporte inter-hospitalar no Algarve como “muito maus e muito fracos”. O responsável defende que “a fusão de serviços tem de assegurar a qualidade e a segurança de grávidas e bebés e isso passa por um sistema de transporte inter-hospitalar que para já não funciona”. Explica ainda que, para servir toda a região “existe apenas uma ambulância de transporte de recém-nascidos com um único médico que também é o responsável da Unidade de Cuidados Intensivos e Neonatologia de Faro. Este médico anda de um lado para o outro e se estiver de serviço num lado não pode transportar para outro”, observa.
Relativamente às declarações sobre a qualidade deficitária dos transportes inter-hospitalares na região, a presidente do CHUA não hesita ao afirmar que “os hospitais não têm ambulâncias” e deixa uma crítica: “é muito fácil o doutor Alexandre Lourenço criticar os transportes inter-hospitalares porque a realidade de Lisboa não é a mesma do Algarve e de todos os outros centros hospitalares não centrais. No Algarve, infelizmente, os nossos hospitais distam pelo menos de 60 quilómetros um do outro e portanto, para fazer transportes inter-hospitalares necessitamos de prestadores externos. Contudo, quero ressalvar que os transportes urgentes nunca deixaram de ser feitos”, reafirma.
Ana Vargues Gomes confirma a existência de apenas uma ambulância para o transporte de emergência de recém-nascidos, um número que justifica “pela realidade da região”. Por outro lado, nega que seja apenas um médico o responsável pela unidade de cuidados intensivos neonatais e pelo transporte das grávidas.

Autarcas contra encerramento

Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão, questionada acerca do hipotético encerramento, disse ao JA estar “totalmente contra um desfecho que nem lhe passa pela cabeça” e que diz “não acreditar” que possa realmente vir a acontecer.
A autarca de Silves, um dos concelhos vizinhos cujos munícipes recorrem a este hospital do barlavento, expressou-se contra este possível fecho. “Estamos contra que haja essas dificuldades em termos daquilo que são as especialidades. Não só na maternidade, mas em qualquer uma das especialidades, o fecho traz transtornos graves para este território”, refere. Rosa Palma acrescenta ainda que o concelho de Silves “ainda dista bastante do próprio hospital” e destaca que o possível fecho irá redobrar “aquilo que é a negatividade associada ao momento” de “uma situação que supostamente é para trazer alegria”, naquela que é uma “das poucas situações em que uma pessoa recorre ao hospital para uma situação contrária àquilo que é a falta de saúde”.
Já o presidente da Câmara de Monchique revela que também não está de acordo com este possível encerramento. “Naturalmente que eu não posso estar de acordo com uma notícia dessas. Acho que essa questão nem se deve colocar. O serviço de maternidade do barlavento já funciona há muito tempo e abrange uma população de vários concelhos”, refere Paulo Alves.
Vila do Bispo seria um dos concelhos mais afetados pelo encerramento do bloco de partos. Perante este cenário, Rute Silva, presidente da Câmara de Vila do Bispo não tem muito a dizer porque oficialmente “não tem conhecimento do assunto e que essa seja uma realidade”. Contudo, a autarca deixa a nota de que “caso seja uma situação a confirmar-se, irá fazer tudo, juntamente com os colegas, para que isso não se concretize”.
O JA tentou contactar os autarcas dos concelhos vizinhos de Aljezur, Lagoa e Lagos, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição.

Gonçalo Dourado/Joana Pinheiro Rodrigues

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