A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, afirmou este domingo em Coimbra que a criação de emprego por parte do Governo é um “mito urbano”, considerando o seu programa de estágios como “uma máquina de abuso e de exploração” de pessoas.
“Há um mito urbano da criação de emprego por parte deste Governo”, sublinhou a dirigente bloquista, afirmando que os programas de estágios servem “para que empresas usem e descartem estagiários uns atrás dos outros”.
Segundo Catarina Martins, “não se criam empregos”, mas sim “abusam-se das pessoas”, com os estágios a serem “máquinas de exploração laboral”.
“Compreendemos que o Estado deva ter uma política pública” em torno dos estágios como forma de aprendizagem e inserção no mercado, mas esta não pode ser “uma máquina de abuso e de exploração das pessoas”, apontou, recordando a proposta do Bloco de proibir o acesso de empresas a qualquer programa de estágios se não tiver contratado pelo menos metade dos estagiários que integrou.
A porta-voz do BE falava durante a sessão de encerramento da Conferência Nacional do partido, que decorreu este domingo em Coimbra, e foi discutida e votada a versão final do manifesto eleitoral do partido para as eleições legislativos deste ano.
“Estamos na situação caricata em que a única força política que ainda não apresentou programa foi a coligação PSD/CDS”, observou Catarina Martins, sublinhando que não será necessário os dois partidos apresentarem um programa, porque este já é conhecido: “é o mesmo de há quatro anos”.
Segundo a dirigente bloquista, aquilo “que a coligação de direita tem em mente fazer não é em nada diferente do que fez até agora. Pedro Passos Coelho e Paulo Portas diziam que o seu programa era o programa da troika. Era há quatro anos e é agora”.
Voltando a criticar as privatizações, as políticas de austeridade e a postura “submissa e subalterna” do Governo na Europa, Catarina Martins apontou como caminho a recuperação de empregos e salários, o resgate da democracia e a reposição dos direitos.
O BE defende a implementação de uma “revolução fiscal” que acabe com a “punição do trabalho”, abatimento de 60% da dívida, com juro de 1,5% e pagamento entre 2022 e 2030, combate às remunerações “globais abusivas” de administradores de empresas, 1% do PIB para a Cultura ou a exclusividade dos profissionais no Serviço Nacional de Saúde.
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