“Dopei-me porque queria ganhar fosse como fosse”

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O antigo ciclista confessou-se a Oprah Winfrey, na entrevista transmitida ontem, sem nunca revelar pormenores sobre como, onde e com quem se dopou durante a carreira.

Um dos momentos mais pungentes da primeira parte da entrevista a Oprah Winfrey aconteceu quando a entrevistadora pede a Lance Armstrong para responder simplesmente “sim” ou “não” à pergunta: “Tomou EPO?”

O antigo ciclista confessou-se, primeiro, e justificou-se, depois: “Sim, dopei-me. Porque queria ganhar fosse como fosse. Sei que há pessoas que ao ouvirem isto nunca me vão perdoar e eu aceito isso”, disse Lance.

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“A culpa é minha. É uma grande mentira que repeti. A história era tão perfeita e durou tanto tempo… A recuperação da doença (cancro), o recorde de vitórias na Volta à França, o casamento notável…”, explicou ontem à noite Lance Armstrong, na primeira parte da entrevista a Oprah Winfrey, que termina hoje à noite com mais hora e meia de conversa.

Durante a conversa com Oprah, Armstrong foi sobretudo evasivo sobre o como, onde e porquê da rede de doping da qual a Agência Norte Americana Antidopagem (USADA) dizia ter o texano como cabecilha.

Como frisa o “The New York Times”, Lance Armstrong assumiu ter tomado EPO (eritropoietina, uma substância que aumenta o nível de glóbulos vermelhos no sangue, elevando a resistência ao exercício físico) “mas não muito” e garantiu ter racionalizado o uso de testosterona porque um dos seus testículos fora removido durante a sua luta contra o cancro. “Pensei, de certeza que estou com os níveis baixos”, afirmou.

Para além disso, Armstrong apontou “falhas de carácter” imperdoáveis, confessou o bullying que as testemunhas de acusação lhe apontavam e, ainda, que nunca foi apanhado porque os testes de despiste eram feitos apenas em competição.

“Era tudo muito simples. Havia drogas que eram quase oxigénio, benéficas para um desporto como o ciclismo. O meu cocktail era EPO – não muito -, transfusões de sangue e testosterona. Os testes antidoping evoluíram. Agora testam muito fora da competição e antes isso não existia antes. Durante a minha carreira não era testado fora das corridas, e não era apanhado porque estava limpo durante as corridas”, revelou Lance.

Doping antes e depois do cancro

Ao longo da conversa, Lance repetiu o pedido de desculpas. Num deles, explicou que se terá deslumbrado com a fama. “Os fãs, os media e eu perdi-me”. A última vez que o desportista reconhece ter feito batota foi no Tour de 2005, negando que no regresso em 2009 e 2010 tenha consumido qualquer substância proibida.

Lance Armstrong revelou que a luta contra o cancro, antes da série de vitórias na Volta a França, tornou-o mais competitivo e agressivo. “Durante a doença, a minha ideia era sobreviver a todo o custo. Quando voltei a treinar transferi essa mentalidade para o desporto e queria vencer fosse como fosse”, disse, reconhecendo, no entanto, que já se dopava antes do surgimento do tumor.

Nos últimos minutos do programa de ontem à noite (madrugada em Lisboa), o desportista americano afirmou que caso a USADA inicie um processo de investigação ao mundo do ciclismo, assolado nos últimos anos com vários escândalos de doping, ele será “o primeiro a colaborar”.

A segunda parte da entrevista é transmitida hoje à noite, às 21h (2h em Lisboa).

Pedro Candeias e Ricardo Lourenço (Rede Expresso)
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