Eleições: Montenegro espera ser primeiro-ministro perante vantagem curta da AD

Montenegro não detalhou ainda os cenários de governação possíveis

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O presidente do PSD, Luís Montenegro, disse hoje ter a “fundada expectativa” de ser indigitado primeiro-ministro perante a curta vantagem das duas coligações que o partido liderou terem somado 79 deputados contra 77 do PS.

Segundo dados provisórios, quando ainda estão por apurar os quatro deputados da emigração, a AD (que junta PSD/CDS-PP e PPM no Continente e nos Açores) elegeu 76 parlamentares, a que se somam três obtidos por PSD/CDS-PP na Madeira, correspondentes a 29,49% dos votos, que poderá ser a uma percentagem mais baixa numa vitória dos sociais-democratas.

Só em 1985, em que também houve um terceiro partido com uma forte votação – o PRD então, agora o Chega – o PSD tinha vencido com uma percentagem semelhante, 29,87% e 88 deputados, quando a Assembleia da República tinha 250 parlamentares em vez dos atuais 230.

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No domingo, as duas coligações lideradas pelo PSD conseguiram 79 eleitos – dos quais 77 sociais-democratas e dois do CDS-PP – e 1.810.871 votos, cerca de 50 mil a mais do que o PS, que elegeu, por enquanto, 77 deputados.

A curta vantagem significa, no entanto, uma inversão de ciclo, já que o PSD venceu, pela última vez, eleições legislativas há nove anos, também em coligação com o CDS-PP, mas está fora do Governo há 13.

A confirmar-se a vantagem, depois de apurados os círculos da Europa e Fora da Europa, o regresso à chefia do Governo do PSD parece assegurado com a garantia do secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, de que os socialistas não votarão qualquer moção de rejeição, embora recusando ser suporte de um executivo minoritário no parlamento.

Montenegro não detalhou ainda os cenários de governação possíveis, reiterando que cumprirá a sua palavra de não fazer entendimentos com o Chega, mas sem excluir este partido do diálogo que quer ter com todas as forças políticas para executar o seu programa.

A este propósito, disse ter “a mais firme expectativa que o PS e o Chega não constituam uma aliança negativa para impedir o governo que os portugueses quiseram”.

Há dois anos, o PSD sozinho obteve pouco mais de 1,5 milhões de votos, mas se a estes se somarem os obtidos em coligação com o CDS-PP e pelos democratas-cristãos sozinhos, mais os votos do PPM – o correspondente à atual AD – foram 1.707.822 votos.

Agora, a AD e a coligação PSD/CDS-PP na Madeira conseguiram cerca de cem mil votos a mais do que a soma dos três partidos em 2022, mas neste domingo votaram 6,1 milhões de pessoas, contra 5,3 milhões há dois anos.

Em percentagem, a soma das duas coligações em que participou o PSD é de 29,49% dos votos, acima dos resultados de 2019 e 2022, mas muito abaixo dos 36,86% (107 deputados) da última coligação entre PSD e CDS-PP em 2015 e até abaixo de várias derrotas dos sociais-democratas, como as de 1995 ou 1999.

Os sociais-democratas contam, para já, com 77 deputados, e há a expectativa de elegerem mais dois nos círculos da emigração, o que totalizaria 79, os mesmos que foram obtidos pelo ex-líder do PSD Rui Rio em 2019, que ficou na altura em segundo lugar.

Por círculos, o PSD venceu no domingo em onze dos 20 círculos (as duas Regiões Autónomas e nove distritos do Continente), quando há dois anos só tinha ganhado na Madeira (e Fora da Europa, ainda por apurar).

No entanto, nestas vitórias só conseguiu aumentar os mandatos em Leiria e Bragança. Nos círculos em que não venceu, os sociais-democratas conseguiram também mais deputados em Beja, Setúbal e Lisboa (um em cada), ficando atrás do Chega em vários círculos a sul, como Faro, Beja, Setúbal e Portalegre.

Em Viseu e Viana do Castelo, em que conseguiram recuperar a liderança em votos, acabaram por perder um deputado em cada um dos círculos.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Convirá ponderar que o fenómeno Chega, que apenas surpreendeu os mais distraídos, não foi exclusivo da nossa província do Algarve, mas que, consistentemente, foi presente em todo o país, o que, para mentes abertas, que saibam raciocinar e não sejam tendenciosas, deve ser motivo de profunda reflexão, visto que, garantidamente, é algo com que se deve contar, senão, mesmo, ver acentuar-se, no futuro.

    Com efeito, o mais de um milhão de votos que os Portugueses confiaram àquele Partido não o foi por um qualquer bando de leprosos – como, muito oportunamente, comentou o jornalista José Manuel Fernandes, da Rádio Observador –, os quais deveriam, acrescento eu, ser colocados de quarentena, mas, muito pelo contrário, o salto de 12 para 48 deputados, que lhe foram confiados, é algo que nos deve fazer meditar que algo vai mal, muito mal, neste “reino da Dinamarca”, que é o modo como o nosso país e, em especial, o tecido social português tem sido gerido e vilipendiado.

    Não foi por acaso que o autor dessa “gerência” degenerada – o Partido Socialista (PS) – foi punido com a perda de 40 deputados !

    É que o povo português ou, mais propriamente, aquilo a que se poderá chamar a sua “maioria silenciosa”, aquela que parece estar a admitir, passivamente, todas as afrontas ao seu tecido social, como alheias, apenas espera o momento oportuno para se fazer ouvir, como se fez, demonstrando uma sensatez, um saber e um bom senso, que supera a Cultura, a que, lamentavelmente, muitas das suas faixas não tiveram acesso.

  2. Abro este meu comentário com uma declaração de interesses : não tenho Partido e, como tal, fiz parte dos trinta e muitos por cento de Portugueses que entenderam não encontrar motivo, nem incentivo cívico para sair de suas casas e ir fazer a entrega do seu voto.
    Este é um direito que me assiste, dada a pobreza dos políticos que nos deveriam servir, mas não o fazem, preferindo servir-se a eles próprios, assim como distribuir, vergonhosamente, prebendas e sinecuras aos seus apaniguados e amigalhaços.

    Apesar de alguns (sublinho “alguns”) – comentadeiros, jornalisteiros e Partidos – suporem que a democracia tem dono, ela não tem dono, não, uma vez que a própria Constituição consagra a todos, por igual, a capacidade de poder expressar livremente o sagrado direito de escolha do tipo de sociedade em que cada um prefere viver.

    Mesmo de há muito e antes dos resultados da vontade da maioria dos algarvios decidir, no presente acto eleitoral, conceder ao Partido Chega, o privilégio da força política mais votada, nunca tive problema em fazer, como se costuma dizer, de “advogado do diabo”, no sentido do seu direito de defender a sua própria opção e visões para a nossa sociedade, face ao inegável abandalhamento a que se assiste, no nosso país.

    À falta de melhores argumentos, para certa gente, quem não segue, caninamente, o seu figurino de uma sociedade cada vez mais degenerada, aviltada e socialmente corrompida, em que a principal instituição, a Família, é abastardada e, na Escola, é imposta às crianças, à revelia dos próprios pais, a torpeza da “educação para a igualdade de género”, à falta de melhores argumentos, dizia, quem se lhes opõe é, gratuita e prontamente, apodado de “fascista”, “xenófobo” e outros mimos.

    O resultado do acto eleitoral que, ontem, dia 10 de Março de 2024, teve lugar na província do Algarve leva-nos, pois, a questionar-nos – no âmbito da escolha que muitos milhares de cidadãos da nossa província fizeram, ao eleger o Partido Chega como mais votado – se serão todos “fascistas” e “xenófobos” e “misóginos” …

    O ambiente social insalubre e malsão que infecta a vida social deste país – para não falar do que vai pela própria Europa – impõe, entre outras terapias, um tratamento urgente de choque, desde logo, para que as nossas crianças possam crescer num meio saudável e livres de lavagens criminosas de mentes e, já agora, com a antiga exigência de volta da obrigatoriedade de exames, que, verdadeiramente, calibrem os conhecimentos de cada um, com total afastamento de passagens administrativas, que a mais não conduzem do que à mediocridade do Ensino.

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