Emigração ‘rouba’ bebés a Portugal

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Este ano deverão nascer menos oito mil bebés. A situação agrava-se ano após ano. Investigadora diz que a culpa é da emigração por levar para longe os casais jovens.

Este ano deverão nascer em Portugal menos oito mil bebés do que o ano passado, disse ao Expresso a responsável pela Unidade de Rastreio Neonatal do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

Laura Vilarinho apresenta esta estimativa com base no número de “testes do pezinho” – rastreio a 25 doenças através de uma amostra de sangue colhida no pé da criança entre o seu terceiro e sexto dia de vida – realizados até agosto deste ano.

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Com efeito, nos primeiros oito meses do ano nasceram menos 4833 crianças do que em igual período do ano passado. Acresce que, no segundo semestre do ano nascem, normalmente, menos crianças do que até junho.

“No mês de julho não tivemos uma baixa de natalidade, mas em agosto deste ano realizámos menos 950 testes do que em agosto do ano passado”, contou ao Expresso, estimando que “em 2013 deverão nascer em Portugal menos de 82 mil bebés do que em 2012”.

Esta semana, o Instituto Nacional de Estatística (INE) – com base na informação registada nas Conservatórias do Registo Civil – noticiou o nascimento de 39.913 bebés no primeiro semestre deste ano contra 43.881 no entre janeiro e junho de 2012. Uma diminuição de 3968 nascimentos neste período.

Os números do Programa Nacional de Diagnóstico Precoce são ligeiramente diferentes. No primeiro semestre de 2012 foram realizados 43.838 “testes do pezinho” e no primeiro semestre deste ano 40.008, ou seja, menos 3830.

Até à vista

Para Laura Vilarinho, a emigração dos jovens portugueses associada ao regresso aos países de origem de muitos imigrantes, ajudará a explicar mais esta redução no número de nascimentos.

“O grande problema é a quantidade de jovens que estão a sair do país. Quem está a emigrar são os casais jovens. Acresce que, muitos jovens casais imigrantes, sobretudo brasileiros e africanos, que equilibraram a natalidade, também estão a regressar aos países de origem”, explica a responsável pela Unidade de Rastreio Neonatal do INSA.

Segundo o relatório anual da OCDE sobre migrações, divulgado em junho, cerca de 44 mil portugueses deixaram o país em 2011, quase o dobro do ano anterior.

Segundo os dados do Programa Nacional de Diagnóstico Precoce, em 2011, Portugal ficou, pela primeira vez na sua história, abaixo dos 100 mil nascimentos. Nasceram nesse ano 97.100 bebés. Em 2012, a situação voltou a agravar-se. Nasceram 90.026 crianças, menos 7074 do que em 2011.

Carlos Abreu (Rede Expresso)
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