Euro 2012: Portugal fez a barba e cabelo aos checos

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Checos tinham deixado crescer a barba para assustar mas o capitão Ronaldo arrumou as contas de cara lavada. O ‘checo-in’ está feito e a próxima viagem é rumo a Donetsk. Às meias-finais, frente a França ou Espanha
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Parece que os checos são dados às superstições, principalmente natalícias. Contaram-me as seguintes: que quem não der uma prenda no Natal, ficará pobre; que uma mulher grávida saberá o sexo do bebé quando a primeira visita entrar casa dentro na Consoada (se for um homem, será menino; se for mulher, menina); e – cuidado com esta – que quem atravessar um campo até à missa do Galo, morrerá no espaço de um ano. Bom, graças a Deus que o Natal não é todos os dias, senão havia muito boa gente tramada.

Por exemplo, os 20 e tal rapazes que atravessaram o campo de Varsóvia para trás e para diante durante o jogo de hoje. Mas não se preocupem que, mesmo não sendo Natal, os checos arranjaram outra superstição: deixar crescer a barba. Para quê? Para ficarem mais assustadores aos olhos dos adversários. Foi isto que Rosicky confirmou na conferência de imprensa, ele que estava para alinhar mas não o fez de início.

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Bilak, o treinador, estava a jogar às escondidas, e para o lugar de Rosicky entrou Darida, que não tinha um minuto nas pernas neste Europeu. E nem o peso anunciado na página oficial da UEFA (mais jogo escondido?), vejam lá. Portanto, foi ver Cech, Jiracek, Hubschman, Limbersky ou Baros de pelo na venta.

Do lado português não havia novidades. Os mesmos de sempre, dois deles de barba rija (Meireles e Miguel Veloso), um de barba rala (Moutinho) e o resto imberbe. Mas todos duros. Nani pegava-se com Limbersky, João Pereira, idem e Bruno Alves amassava Baros. Depois, Postiga caiu no chão agarrado à coxa e saiu de maca, lesionado. Azar para ele, que tinha sido o titular em todos os jogos; oportunidade para Nelson Oliveira, que o havia substituído em todos os jogos? Nada disso. Paulo Bento pôs Hugo Almeida em campo, com a sua barba cerrada, cara de poucos amigos e muitas tatuagens – uma delas desenhada por Postiga. Lá na frente, Ronaldo, sempre de cara lavada, acordou para meter medo: ele foi um pontapé de bicicleta, um remate à figura e outro ao poste na primeira parte – o barbudo Cech não assustava mas estava com sorte. Seria superstição?

Tomahawk ao poste

Não sabemos. Mas a verdade é que na segunda parte, Ronaldo lançou o seu Tomahawk ao poste, Almeida falhou um cabeceamento aparentemente fácil e marcou um golo em fora de jogo. Portugal chegou-se à frente, porque os minutos passavam, as oportunidades sucediam-se e as defesas de Cech também (um parêntesis para dizer que este guarda-redes é craque e até fintou Almeida).

A seleção nacional experimentava de tudo: Ronaldo à esquerda, no meio, à direita, remates de toda a gente mas não havia forma da dita cuja cruzar a linha – e todos já sabemos após o Ucrânia-Inglaterra o quão difícil é vê-la entrar na baliza.

A República Checa, nesta altura (estamos a falar dos 70 minutos), vivia sobretudo das ações do Messi deles, Pilar, um tipo habilidoso, rápido e consequente.

Baros procurava estar junto dele e ele de João Pereira, para ambos tentarem baralhar as contas à defesa portuguesa. Por vezes dava, outras não mas eles estavam tranquilos, à espera ‘daquele’ erro português ou de um momento de inspiração ‘poborskiano’. Aí, já Portugal soprava e sentia a ansiedade nas pernas. Natural. É que apesar de estar a dar água pela barba aos checos, não havia forma de levar a água ao seu moinho. Paulo Bento, esse, fechava o rosto e encolhia-se.

Sentia-se no ar aquela lei futebolística que tanto nos irrita: a que diz que quem não marca, sofre, uma coisa tão portuguesa. E foi sofrer a bom sofrer até que Cristiano Ronaldo cabeceou para o golo da vitória. E mostrou que não são precisas pilosidades desnecessárias para assustar. Basta ser bom. Ou o melhor deste Europeu. E do mundo?

FICHA DE JOGO

Estádio Nacional de Varsóvia (Polónia).
Árbitro: Howard Webb (Inglaterra).
Rep. Checa: Petr Cech; Gebre Selassie, Sivok, Kadlec, Limbersky; Hübschman (Pekhart, 86′), Plasil; Jiracek, Darida (Rezek, 61′), Pilar e Baros.
Treinador: Michal Bilek.
Portugal: Rui Patrício; João Pereira, Pepe, Bruno Alves, Fábio Coentrão; Miguel Veloso, João Moutinho, Meireles (Rolando, 88′); Nani (Custódio, 84′), Cristiano Ronaldo e Postiga (Hugo Almeida, 40′).
Treinador: Paulo Bento.
Golo: 0-1, Ronaldo (79′).
Cartões amarelos: Nani (26′), Miguel Veloso (27′) e Limbersky (90′)

Pedro Candeias (Rede Expresso)

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