Exposição sobre arquitetura de Manuel Gomes da Costa patente em Faro

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A reposição desta exposição inaugurada em 2009, no Museu Municipal de Faro, visa celebrar o centenário do nascimento de Manuel Gomes da Costa e dar a conhecer, através de 40 das suas obras, a progressão e abrangência da ação profissional do arquiteto no Algarve.

Com esta mostra, o objetivo passa igualmente por integrar esta obra na memória coletiva dos algarvios de forma a que a população atue como vigilante deste património “novo”, agora reconhecido e em grande perigo de transformação e que, por desconhecimento, arrisca uma crescente degradação e desaparição gradual, como aconteceu muitas vezes até aqui.

Em simultâneo, o nome de Gomes da Costa e de alguns dos seus colegas contemporâneos, como Manuel Laginha e Vicente Castro, foram catapultados para a esfera do Moderno Português, à medida que muitas teses, estudos, artigos e livros foram sendo desenvolvidos por estudantes, arquitetos e historiadores de arquitetura em muitas Universidades de Portugal e Espanha.

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O município de Faro tem também desenvolvido várias ações de divulgação e proteção deste património, nomeadamente a recriação de casas modernistas de Faro para o ambiente do jogo Minecraft pelos alunos das escolas do concelho, através do projeto MI.MOMO.FARO – Minecraft e a Arquitetura Modernista em Faro, ou a classificação de Interesse Municipal do “Eixo de ligação entre o Mercado e a Escola Secundária João de Deus”, que define regras restritas de intervenção em edifícios Modernos, numa sucessão contínua de ruas e bairros da cidade, constituindo, até agora, algo de raro no país. 

Repor a exposição “mgc100 – Moderno ao Sul” é assim, para a autarquia, uma celebração da arquitetura, da vida e obra de Manuel Gomes da Costa e tudo o que aconteceu ao longo destes últimos 12 anos.

Sinopse da vida e obra de Manuel Gomes da Costa:

Foi no ano de 1953 que o arquiteto Manuel Gomes da Costa chegou ao Algarve com uma bagagem fresca de novos valores linguísticos e uma nova arquitetura que rompia com os padrões do tempo do regime. 

Ao longo de mais de cinco décadas de trabalho árduo, perseverante e solitário, o arquiteto projetou e construiu centenas de obras, que, para além do programa habitacional mais corrente, teve também muita expressão no âmbito do equipamento público, dentre os quais se destacam, entre outros, a Creche de Aljezur, a Colónia de Férias de Alcantarilha, o Colégio da Nossa Senhora do Alto em Faro, a Capela de Santa Luzia ou a Cooperativa Agrícola de Santa Catarina da Fonte do Bispo.

Fácil de reconhecer, o “estilo” Gomes da Costa evoluiu ao longo do tempo. De uma linguagem próxima da “Escola do Porto” e dos mestres brasileiros como Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy ou Vilanova Artigas (nos anos 50 e 60) para um estilo cada vez mais pessoal e livre no fim da sua carreira como arquiteto (2002). Em qualquer dos casos, Gomes da Costa procurou uma arquitetura informada que refletisse com responsabilidade os valores do seu tempo; “leve, solta, democrática, humana, adaptada ao lugar e ao clima”, ao serviço e ao alcance do maior número de pessoas. 

Personagem singular, foi talvez o maior representante da Geração Moderna no Algarve pela excecional qualidade e quantidade de trabalho. A persistência e coerência do seu trabalho desde o princípio da sua carreira, representam esse “espírito de missão”, de equipar a sociedade para o futuro com os meios técnicos e linguísticos da sua época.

Grande parte destes edifícios do Período Moderno e da sua autoria, são importantes testemunhos formais da realidade do século XX em Faro e no Algarve. Património único e irrepetível, é possível, através dele, estabelecer novas conjunturas, revendo-se a continuidade da História através da análise do acontecimento individual.

A exposição estará patente até 15 de abril de 2022, de segunda a sexta-feira, das 09:30 às 15:30, com entrada livre.

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