Galp sem presidente

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Só depois das eleições de 5 de junho é que será equacionado o perfil do futuro presidente executivo da Galp, porque os acionistas não se entendem

Os acionistas da Galp não conseguiram chegar a um entendimento sobre a lista de aministradores que devem integrar o próximo Conselho de Administração (CA) da empresa. Estes administradores deveriam ser eleitos na próxima Assembleia Geral de 30 de maio. Por isso, a lista de nomes que vão integrar o CA da Galp durante o próximo mandato só deve ser apresentada depois das eleições de 5 de junho. O modelo de Governo da Galp diz que cabe ao CA eleger a Comissão Executiva e o seu presidente, sendo guardada para o acionista Estado a nomeação do “chairman”.

A situação de impasse vivida na Galp tem-se mantido desde janeiro e, até à data, não foi desbloqueada. Os italianhos da ENI pretendem uma solução “externa” – indicaram o gestor internacional Jochen Weise para substituir Manuel Ferreira de Oliveira – mas Américo Amorim, que controla a holding Amorim Energia, continua a apoiar a recondução de Ferreira de Oliveira.

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O “chairman” Francisco Murteira Nabo fez tentativas conciliadoras para ultrapassar divergências acionistas, sem resultados práticos. O advogado António Vitorino tentou várias abordagens com acionistas no sentido de encontrar uma solução “pacificadora”. Uma das possibilidades passaria pela venda de parte dos 33,34% da ENI à brasileira Petrobras, mas as tensões existentes entre acionistas demoveram os brasileiros de entrar na Galp (onde iriam comprar uma posição de 25%).

Foram reavaliados os estatutos e os respetivos acordos parassociais (que vigoram até 2014) para acomodarem a entrada da Petrobras e darem à sua participação (um lote minoritário de 25%) uma maior relevância na gestão da empresa. Mas todas essas alterações não foram aprovadas – também facilitariam futuras transações para entrada de novos acionistas e venda de participações existentes.

Os acionistas angolanos – a Sonangol e Isabel dos Santos, filha do presidente de Angola – continuam a dar indicações que pretendem ter uma participação direta na Galp, mostrando insatisfação com a participação indireta, via Amorim Energia (onde os angolanos detêm 45%).

Esta falta de entendimento entre os acionistas da Galp já esteve na origem do adiamento da Assembleia-Geral de 26 de abril e fez os italianos da ENI – que estão coesos no controlo de 33,34% da Galp – extremarem a sua posição, propondo para CEO um gestor internacional – Jochen Wiese -, responsável pela execução do gasoduto TAP que abastece Itália, e que é um dos homens fortes do presidente da ENI, Paolo Scaroni.

Assim sendo, apenas as contas de Galp serão aprovadas a 30 de maio, deixando a escolha dos elementos da CA da Galp para depois de 5 de junho. Nesta questão, a eventual alienação de 1% do capital da Galp que é detido pela Caixa Geral de Depósitos pode dificultar o equilíbrio de forças acionistas, porque a saída do Estado português da Galp fortalecerá a posição da ENI.

JA/Rede Expresso
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