Os produtores de explorações apícolas e de pecuária afetados pelos incêndios de agosto no Algarve e no Alentejo vão poder candidatar-se a um apoio para a aquisição e entrega direta de alimentação animal, anunciou o Ministério da Agricultura.
O despacho que determina o mecanismo de apoio para a compra e venda de alimentação animal nas zonas atingidas pelos incêndios ocorridos entre 16 e 19 de agosto, assinado pela ministra da Agricultura, visa apoiar os produtores que não têm meios de alimentar os seus animais, adianta o ministério em comunicado.
“Além das perdas materiais, uma grande percentagem de terrenos agrícolas destinados à pastagem animal, bem como locais de guarda de alimentos animal, como palheiros, foram consumidos pelo fogo, fazendo com que os animais de produção ficassem sem alimentos”, justifica.
O mecanismo “pretende apoiar os produtores que não têm meios de alimentar os seus animais, através da aquisição e entrega direta de alimentação animal de emergência, nomeadamente alimentos grosseiros (feno), alimentos completos de manutenção (ração) para animais e glícidos (açúcar e melaço) para alimentação das colónias de abelhas”, lê-se na nota.
Segundo o Governo, são elegíveis para beneficiarem deste mecanismo de apoio as explorações pecuárias de bovinos, ovinos e caprinos e as explorações apícolas das freguesias dos municípios de Castro Marim, Monchique, Tavira e Vila Real de Santo António (Faro) e Odemira (Beja) atingidas pelos incêndios rurais.
“O Gabinete de Planeamento Políticas e Administração Geral, enquanto organismo que presta apoio técnico e administrativo ao Ministério da Agricultura, coordenará o processo, ficando também responsável pelos encargos financeiros decorrentes da aquisição dos alimentos de emergência, até à dotação máxima global de 30.000 euros”, prossegue a nota.
O despacho determina ainda que as direções regionais de Agricultura e Pescas do Algarve e do Alentejo serão as entidades responsáveis pela distribuição dos alimentos para os animais.
Já a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, através dos seus serviços desconcentrados, “prestará apoio na distribuição dos alimentos, identificando as necessidades dos produtores pecuários e dos apicultores”.
O primeiro grande incêndio de agosto no sul do país deflagrou na madrugada do dia 16, em Castro Marim, e, apesar de ter sido dado como dominado às 10:20 desse dia, acabou por reativar-se cerca das 16:00, alastrando-se aos concelhos de Tavira e Vila Real de Santo António, tendo sido novamente dominado um dia depois, na tarde do dia 17 de agosto.
Segundo o Serviço de Gestão de Emergências do Copernicus da União Europeia (UE), o fogo provocou um total de 5.957 hectares de área ardida (2.774 hectares de áreas agrícolas) nos concelhos de Castro Marim, Vila Real de Santo António e Tavira.
No dia 18 de agosto iniciou-se um novo incêndio na zona de Sabóia, concelho de Odemira, distrito de Beja, que provocou quatro feridos, um dos quais grave.
O incêndio, dominado no dia seguinte, tocou os limites do concelho algarvio de Monchique.
Segundo dados preliminares da Proteção Civil, o fogo afetou uma área estimada de 1.100 hectares, num perímetro de 20 quilómetros.