São milhares de pessoas que desfilaram este domingo à tarde, sob uma chuva intensa, na capital francesa. Sem a presença visível de partidos políticos, a manifestação, muito heteróclita, foi organizada através da internet por uma enigmática associação denominada “Dia de cólera”. Este movimento, lançado há apenas alguns meses, surpreendeu pelo elevado número de manifestantes que conseguiu reunir em Paris, o que demonstra uma forte capacidade de organização.
A polícia contabiliza oficialmente 17 mil manifestantes, mas o número será certamente mais elevado segundo cálculos deste correspondente e de outros repórteres.
No desfile, que começou ao princípio da tarde na praça da Bastilha, vê-se um pouco de tudo: militantes da extrema-direita – mais radicais do que os da Frente Nacional, de Marine le Pen, que não apelou à participação na manif -, integristas católicos contra o casamento gay e a adoção de crianças por casais homossexuais, agricultores, artesãos, comerciantes e diversas outras camadas da população.
Vêem-se igualmente muitos defensores do humorista Dieudonné, cujos espectáculos foram recentemente proibidos devido a acusações de antissemitismo.
As palavras de ordem são variadas, mas a mais ouvida é “Hollande demissão”.
Centenas de jovens fazem igualmente muitas “quenelles”, o gesto vulgarizado por Dieudonné que ele garante ser um símbolo anti-sistema mas que é suspeito de ser uma saudação nazi invertida. Estes jovens dizem manifestar pela “liberdade expressão”. Outros participantes afirmam protestar contra os aumentos de impostos, alguns informam que querem defender a “ameaçada identidade francesa”, outros ainda dizem que François Hollande “é um palerma” que “não tem nível para ser chefe de Estado” da França.
A manifestação terminou ao fim do dia na Praça dos Inválidos e foi fortemente enquadrada pelas forças da ordem que receavam incidentes no momento da desmobilização.
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