Mercados da dívida: aumenta o nervosismo

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Recurso massivo à “bazuca” do Banco Central Europeu provocou um efeito paradoxal na quarta-feira: o risco de incumprimento e os juros da dívida subiram para Espanha, Bélgica e França.

A meio da manhã de quarta-feira soube-se que 523 bancos da zona euro ocorreram em massa à nova linha de financiamento do Banco Central Europeu (BCE) conhecida pelo acrónimo LTRO agora a 3 anos. Pediram €489,19 mil milhões. Uma corrida superior aos €442 mil milhões pedidos no primeiro leilão da linha a 12 meses que o BCE havia realizado em junho de 2009, a seguir ao pico da crise financeira iniciada em 2008.

Os mercados da dívida interpretaram este sinal como revelador de uma situação muito grave no sector bancário. E, em vez do regozijo, pela “bazuca” do BCE injetando liquidez, ficaram ainda mais nervosos.

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Resultado: uma reviravolta no comportamento das yields (juros) dos títulos soberanos no mercado secundário de alguns países membros da zona euro e um agravamento do risco de incumprimento. Esta mudança estragou o desanuviamento a que se vinha a assistir durante esta semana.

O risco de incumprimento, segundo dados da CMA DataVision, subiu para Espanha, Bélgica, França e Áustria, que fecharam com níveis superiores ao do dia anterior. No caso de Itália, cujo risco tinha vindo a descer consistentemente, assistiu-se a uma reviravolta à tarde que, no entanto, não foi suficiente para que o nível de fecho na quarta-feira fosse superior ao do dia anterior. Itália desceu na terça-feira de 8º para 9º lugar no “clube da bancarrota” (TOP 10 do risco de incumprimento), onde se mantém. Contudo, o preço dos credit default swaps (seguros contra o risco de incumprimento) voltou a aproximar-se do nível crítico dos 500 pontos base no caso da dívida soberana italiana.

Nas yields (juros) da dívida soberana, a subida foi ainda mais evidente para os casos dos títulos do Tesouro italiano e para as obrigações espanholas no mercado secundário em todas as maturidades, segundo dados da Bloomberg. No caso da Bélgica e França, os juros subiram na maioria das maturidades. O aumento do prémio de risco em relação à dívida alemã, que serve de referência, foi mais claro nos casos de Espanha, Bélgica, França e Itália.

O risco de incumprimento da dívida portuguesa fechou em 61%, ligeiramente abaixo do valor de terça-feira. Os juros das obrigações do Tesouro a 2, a 3 e a 5 anos aumentaram, enquanto a 10 anos baixaram em relação ao dia anterior.

JA/Rede Expresso

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