“Não podemos instalar rotundas e lombas a cada 500 metros”

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A velhinha estrada nacional é ladeada por centenas de postos de abastecimento, cafés, restaurantes, espaços de lazer, stands de automóveis, postos de venda de laranjas, lenha, chapéus de sol…

“A EN 125 é uma estrada com as características que toda a gente sabe, que sempre teve altos índices de sinistralidade. Porém, é preciso realçar que 2013 foi o melhor dos últimos cinco anos, com uma descida de 30 por cento do índice de sinistralidade e metade dos mortos”, salienta ao JA António Ramalho.

Para o presidente das Estradas de Portugal (EP), as estatísticas do último ano comprovam, assim, que “a culpa dos acidentes nem sempre é da estrada”.

“Uma vez que não houve intervenções nem alterações significativas na estrada (as obras estiveram paradas durante os últimos três anos), também podemos apontar os problemas comportamentais, a qualidade dos veículos e a fiscalização desses mesmos veículos, por exemplo, às causas dessa sinistralidade”, acentua.

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O responsável considera, portanto, que nem sempre há explicação para os acidentes que se verificam na EN 125. E dá mesmo como exemplo um dos pontos negros mais conhecidos do Algarve, que fica situado no Patacão, à entrada de Faro, uma zona onde se acumulam os acidentes, muitos deles com gravidade.

“Trata-se de uma zona bem protegida, com sinalização, semáforos, passagem desnivelada para peões, separador central fixo, rede para impedir a passagem de peões e faixas com duas vias. Mesmo assim, não conseguimos retirar este ponto negro da lista”, reconhece António Ramalho, acrescentando que este não é um problema exclusivo da EN 125. “Existem muitos casos semelhantes em todo o país, que há anos surgem no top da sinistralidade a nível nacional”, afirma.

“Ao contrário do que algumas pessoas defendem, não podemos colocar rotundas e lombas permanentes de 500 em 500 metros. Isso não faria sentido, mas há muitos pontos que podemos melhorar e é isso que faremos”, salienta.

EN 125 conquistou vida comercial e turística muito própria

O problema da sinistralidade na EN 125 é antigo, deriva do desenho e planeamento da própria estrada, que atravessa várias localidades do litoral algarvio. “Por isso é que é muito importante desenvolver um trabalho conjunto entre a EP e as autarquias locais. Não vale a pena andarmos a atirar as culpas para as estradas, os condutores, os peões, ou outros fatores”, sublinha o presidente da empresa.

António Ramalho afasta ainda a ideia de que a construção da EN 125 foi um “equívoco técnico”, referindo que “é normal que as estradas principais sigam os modelos regionais de desenvolvimento, isto é, na altura da sua construção, já havia muito desenvolvimento urbano à volta da EN 125 e é por isso que ela é tão importante desse ponto de vista”.

“A região cresceu muitos nos últimos anos em torno do litoral e isso reflete-se nesta estrada, que já conquistou uma vida comercial muito própria. Hoje, a EN 125 é ladeada por centenas de postos de abastecimento, cafés, restaurantes e espaços de lazer. É ainda a estrada do país com mais stands de automóveis. Vendem-se também laranjas, lenha, chapéus de sol… Esta é a realidade da EN 125, que é fruto do desenvolvimento regional”, rematou.

NC/JA

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2 COMENTÁRIOS

  1. O senhor Antonio Ramalho é politico,o Antonio ramalho sabe perfeitamente que os cruzamentos como o Patacão existem com semáforos em AFRICA,na europa estes cruzamentos são SEMPRE com passagens desniveladas ou não sabe disso?Se não sabe á muito que se devia ter demitido do cargo,se sabe…nesse caso está a desempenhar o seu papel,o papel de politico,um vulgar politico.Ainda voltando ao Patacão,o IKEA,agora que já passou tanto tempo já se pode falar,tentou comprar o terreno em frente ao cruzamento para nesse local fazer o empreendimento que ficava muito bem situado e com muito pouco impacto ambiental como eles pretendiam,mas,ao falar com os políticos da altura disseram-lhes que não aprovavam nada nesse local e foram mostrar os terrenos onde actualmente vão fazer o empreendimento.O IKEA tinha feito a passagem desnivelada gratuitamente mas a politica …

  2. “Passagem desnivelada para peões”
    Fixo-me apenas neste entrecho do sr. Ramalho: “passagem desnivelada”. Qual a razão para não lhe chamar viaduto? Os italianos chamam-lhe muito apropriadamente “cavalcavia” (cavalgar a via). E é isso mesmo que toda a sorte de peões: novos, velhos, amputados, de cadeiras de rodas, etc., estão confinados a subir e a descer as escadas, que mais parece um artefacto da feira de S.Martinho. Os peões arriscam a atravessar a via, sujeitando-se ao atropelamento, que de vez em quando vai acontecendo. Os velhos por não poderem subir, ficam impedidos de atravessar a dita via de quatro pistas. E, quase todos os dias acontecem acidentes naquela via.
    Qual a razão para não terem feito passagens subterrâneas… ficava mais caro, não era? Assim, fizeram aquelas pontes, e jamais passagens desniveladas e práticas para serem pisadas. E contudo, talvez passem por essas pontes umas duas ou três pessoas diariamente, das outras dezenas que arriscam o pêlo a travessar a via a pé de um lado para o outro.
    O sr. Ramalho invocará que essas pontes foram pontes de outro consulado: é o costume desgastado utilizado, a alijar a carga para cima do outro.
    Estamos cansados de nos fazerem parvos. Enxergue-se, sr. Ramalho. E a propósito, qual é o nome do seu canito?
    Sr. Ramalho, e o seu canito já deu banho?

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