Falando esta segunda feira no Vaticano, durante um encontro anual com os representantes dos corpos diplomáticos na Santa Sé, ainda sob o impacto dos ataques contra mulheres ocorridos na cidade alemã de Colónia na noite de Ano Novo, o Papa Francisco apelou ao esforço dos líderes europeus para desenvolver uma estratégia criativa para lidar com a presente vaga migratória.
Reconhecendo que a chegada de cerca de um milhão de pessoas ao Velho Continente no ano passado criou “problemas inevitáveis”, suscitando preocupações relativamente a “mudanças nas estruturas culturais e sociais”, assim como as relativas à segurança, face ao aumento da ameaça terrorista, o pontífice considerou que a Europa deverá recorrer ao seu legado cultural humanista para encontrar o equilíbrio entre a “responsabilidade moral de proteger os direitos dos seus cidadãos e o assegurar a assistência e aceitação dos migrantes”.
Os líderes europeus não devem perder “os valores e princípios da humanidade…. por mais que em determinados momentos da história esse seja um fardo difícil de suportar”, afirmou. “Muitos migrantes da Ásia e África vêm a Europa como um bastião de princípios como a igualdade perante a lei e de valores inerentes à natureza humana.”
“De qualquer forma, o número maciço de chegadas às costas europeias parece sobrecarregar o sistema de receção penoso construído sobre os escombros da Segunda Guerra Mundial, um sistema que é ainda reconhecido como um bastião da humanidade”, acrescentou, lamentando a distinção existente na comunidade internacional entre os refugiados políticos e aqueles que fogem da miséria.
Alexandre Costa (Rede Expresso)