Os republicanos rejubilavam no final do primeiro debate entre Barack Obama e Mitt Romney, enquanto os democratas confessavam desilusão com a prestação do Presidente americano, nas análises feitas após o embate.
Barack Obama surgiu nervoso, com olheiras e pequenos tremores junto ao olho direito, um comportamento que David Axelrod explicou ao Expresso ser resultado do trabalho intenso do Presidente americano que, nos últimos meses, tem “acumulado a governação com as tarefas de campanha”.
Apesar de reconhecer que Obama esteve menos enérgico do que é costume, Axelrod considerava que o Presidente tinha vencido o debate de ontem à noite (madrugada em Lisboa), que juntou os candidatos democrata e republicano às presidenciais americanas de 6 de Novembro.
Do outro lado, o senador Marco Rubio rejubilava com a prestação do candidato conservador, Mitt Romney, e considerava que a “vitória” no embate televisivo pode ajudar a convencer os eleitores indecisos. “Por exemplo no capítulo da criação de emprego, o governador Romney sabe do que fala uma vez que trabalhou 25 anos no sector privado, onde criou muitos postos de trabalho. Obama não. Ele acredita apenas em mais Estado e não tanto na criação de emprego”, explicou.
Desacordo em torno dos impostos
O debate, que começou às 19h locais (2h em Lisboa) e durou uma hora e meia, teve como prato a economia, numa altura em que o crescimento americano persiste pouco acima do 1%.
A política fiscal foi longamente discutida, com Obama a recordar a promessa de que por cada dólar de aumento de impostos haverá dois dólares e meio de cortes na despesa.
Romney acusou o Presidente americano de “só pensar em aumentar os impostos”, enquanto ele, ao invés, criará uma taxa única de 20%. “A ideia é baixar a taxa de imposto e com isso alargar a base contributiva, recolhendo mais do que hoje”.
Obama não percebia as contas do rival, perguntando-lhe como é possível baixar os impostos em cerca de 5 biliões de dólares (3,8 biliões de euros), em cima disso acrescentar mais dois biliões (1,5 biliões de euros) ao orçamento da Defesa e no fim não fazer disparar o défice. “É matemática. É aritmética. No final, o Governador Romney ou queima a classe média com mais impostos ou faz disparar o défice. Não há outra hipótese”.
Romney defendeu-se, explicando que o défice é uma questão moral e não reduzi-lo representa um enorme castigo para as gerações futuras.
Romney é um regresso às políticas de George W. Bush
David Plouffe, conselheiro do Presidente, explicou no final que a receita do candidato conservador significa “o regresso às políticas da administração Bush que nos trouxeram até à maior recessão desde a Grande Depressão”.
A reforma do sistema de saúde de Barack Obama, mais conhecida como “Obamacare”, também foi analisada e se Chefe de Estado americano explicou que graças a ela as seguradoras já não podem recusar clientes com antecedentes médicos, por exemplo, Romney insistiu que irá revogá-la no primeiro dia que entrar na Casa Branca. “Fazer isso é atirar 50 milhões de americanos para o buraco onde estavam, isto é, sem qualquer regime de protecção de saúde”, respondeu Obama.
Obama demasiado à defesa
O debate, moderado pelo jornalista veterano Jim Lehrer, da PBS, a televisão estatal americana que Romney fez questão de revelar que deixará de financiar caso seja eleito, serviu ainda para discutir o peso do estado, modelos de governação e a pertinência dos programas sociais como o Medicare (cuidados de saúde para pessoas com mais de 65 anos) e a Segurança Social.
No final, um membro do staff de Barack Obama confessava-se frustrado com a “prestação demasiado defensiva e tensa de Obama”. Até a televisão MSNBC, muito próxima dos democratas, dava a vitória a Mitt Romney.
Uma sondagem da ABC realizada, imediatamente, após o debate revelou que a imagem de Romney melhorou 56% junto do eleitorado.
O Expresso acompanhou o debate em Denver, assim como os preparativos nos dias anteriores e publica na próxima edição impressa uma extensa reportagem sobre o evento.