Sánchez reeleito primeiro-ministro de Espanha

Sánchez vai assumir a liderança de um governo de coligação do PSOE com o Somar

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O socialista Pedro Sánchez foi hoje reeleito primeiro-ministro de Espanha pelo parlamento do país com uma maioria absoluta de 179 votos a favor dos 350 deputados espanhóis.

O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) foi o segundo mais votado nas eleições legislativas de 23 de julho e Sánchez foi hoje investido primeiro-ministro com o apoio de uma ‘geringonça’ de formações de esquerda e direita, regionalistas, nacionalistas e independentistas.

Sánchez vai assumir a liderança de um governo de coligação do PSOE com o Somar, uma plataforma de formações de esquerda liderada pela atual ministra do Trabalho, Yolanda Díaz.

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O novo Governo foi viabilizado hoje, no parlamento, por mais seis partidos: Coligação Canária, Bloco Nacionalista Galego, Juntos pela Catalunha, Esquerda Republicana da Catalunha, EH Bildu (do País Basco) e Partido Nacionalista Basco.

Os acordos que o PSOE assinou com os dois partidos catalães têm estado no centro de polémica e protestos, por incluírem uma amnistia para as pessoas envolvidas no movimento independentista da Catalunha entre 2012 e 2023, que teve como auge uma declaração unilateral de independência em outubro de 2017.

A amnistia é contestada pela direita e por diversas entidades e setores, incluindo associações de juízes e procuradores, que alertaram para a possibilidade de um ataque ao princípio da separação de poderes, à independência da Justiça e ao estado de direito.

Por outro lado, a amnistia tem também sido contestada nas ruas e hoje, durante a votação da investidura de Sánchez, cerca de 150 pessoas (segundo as autoridades de segurança) manifestaram-se no exterior do edifício do Congresso dos Deputados contra Sánchez.

Um grupo de deputados socialistas queixou-se mesmo de insultos nas imediações do parlamento por parte de um grupo de jovens e um dos parlamentares, Herminio Sancho, foi atingido por um ovo na cabeça.

No debate da reeleição de Sánchez, que começou na quarta-feira, o próprio secretário-geral do PSOE e o líder parlamentar dos socialistas, Patxi López, pediram à direita para reconhecer e aceitar o resultado das eleições e medir as expressões que tem usado no discurso público, para “não alimentar o ódio” e manifestações que, em alguns casos, têm sido violentas e marcadas por símbolos e palavras de ordem fascistas e da ditadura espanhola de Francisco Franco.

Os socialistas condenam a utilização de expressões como “fraude eleitoral”, “golpe de Estado”, “ditadura”, “traidor” ou “inimigos de Espanha” quando se referem a Sánchez, ao novo Governo e ao PSOE, que não foi o partido mais votado nas eleições de 23 de julho (foi o PP).

Na quarta-feira, na abertura do debate, Sánchez justificou a amnistia por ser a via para recuperar a convivência entre os espanhóis e também a forma de garantir um governo “de progresso” em Espanha face à ameaça da “direita reacionária”.

Numa referência aos deputados eleitos pela Catalunha por todos os partidos, Sánchez defendeu que a amnistia é pedida por 80% dos catalães e apoiada por uma maioria absoluta de representantes dos espanhóis no parlamento.

Sánchez, que rejeitava a possibilidade de uma amnistia par aos independentistas até às eleições, admitiu estar a fazer “da necessidade, virtude”, numa referência aos apoios que teve de reunir para continuar a ser primeiro-ministro.

O líder do PSOE acusou o PP de, como noutros países do mundo, se ter deixado parasitar pela extrema-direita e pelo partido Vox e acrescentou que face “às direitas reacionárias e retrógradas”, que querem “meter as mulheres na cozinha, as pessoas LGBT nos armários e os migrantes em campos de refugiados”, a opção é um novo governo de esquerda apoiado por partidos com “extraordinárias diferenças”.

Hoje, no fecho de debate, reconheceu que “o processo que trouxe até este dia não foi fácil”, mas prometeu trabalhar para manter uma legislatura “tão duramente conquistada”.

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1 COMENTÁRIO

  1. São jogadas sórdidas como esta que “ajudam” no descrédito da política junto do cidadão comum, como o que deveria ser a nobre arte de governar os povos.
    Pedro Sanchez, não olhou a meios e a cedências, mesmo afrontando, quer a Justiça, quer a própria eventual unidade do seu país – só o futuro o dirá –, em nome de uma desmedida ambição de poder pessoal, no que ela tem de mais abjecto e baixo (não devemos poupar nos adjectivos).

    Acresce que a Espanha, enquanto país e realidade política, é algo muito problemático, com uma forte tendência dispersiva, em que a coesão nacional, quanto a algumas das suas províncias, é algo muito débil, bem ao contrário, por exemplo, do nosso país, onde o Estado português se funde com a nação e a unidade cultural básica é uma realidade una, de Norte a Sul, bem ao contrário da divisão artificial que certas vozes parolas e mentes provincianas pretendem cavar, com termos como “mouros”, cujos visados são as gentes do Sul.

    Sanchez, cego pela sua insaciável sede de poder, acabou por ficar refém e nas mãos de algumas das forças com que negociou, que, de um momento para o outro, lhe poderão retirar o tapete e fazer mais exigências autonómicas inacessíveis, a que ele se verá forçado a ceder, se quiser continuar a contar com os seus votos.

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