Chama-se Aldeia da Nossa Senhora do Forte e é uma povoação imaginária, em miniatura, que pode ser vista no museu de Lagos. Construída há 22 anos, com traços da paisagem e arquitetura algarvias, a aldeia até tem lendas e feitos históricos associados à sua fundação. Este ano, a aldeia faz a festa de receção ao verão, marcada para o fim de semana de 19 a 21 de junho
O Algarve dos nossos dias já não é o mesmo dos anos 50 e 60. Vilas tornaram-se cidades e aldeias rurais cresceram e estão irreconhecíveis. Mas existe uma aldeia que mantém intactas as suas raízes, a começar pelos traços arquitetónicos e pela paisagem. Falamos da Aldeia da Senhora do Forte, que é fruto de um trabalho minucioso de Pedro Reis.
Tudo começou em 1989, quando o artista andava na casa dos 40 anos. A mini aldeia demorou quase quatro anos a ser feita, estando exposta há vinte e dois no museu de Lagos.
Mas esta não é uma simples maqueta de uma localidade. A Aldeia Senhora do Forte foi criada com todos os pormenores imagináveis que retratam a cultura algarvia, de forma a preservar para sempre a identidade regional, tendo inclusivamente associados à sua fundação feitos históricos e até lendas. A história da aldeia encontra-se mesmo publicada em vários volumes que podem ser consultados no museu.
Com cerca de duzentas casas, numeradas e integradas em ruas também com nomes, a pequena aldeia tem estradas, uma escola, campo de futebol, um posto da guarda-fiscal e até sinais de trânsito.
A paisagem é típica do barlavento litoral, com a aldeia a erguer-se sobre falésias e a serra de Monchique ao fundo. Um porto de pesca, uma estação de caminhos-de-ferro, vestígios romanos, moinhos, um farol, uma igreja e o forte que lhe dá nome compõem o cenário.
E, ainda hoje, os “amigos” da Senhora do Forte reúnem-se anualmente, em junho, para festejar o aniversário da aldeia.
Projeto desperta curiosidade dentro e fora de Portugal
É por estas razões que, desde que foi doada ao museu de Lagos, em 1993, até aos nossos dias, a aldeia em miniatura – construída com materiais tão diferentes como esferovite, papel, gesso, lixa, sisal e pequenos pedaços de madeira – continua a causar espanto a quem a observa. A maioria das pessoas julga mesmo que se trata de uma réplica de uma aldeia existente, mas a verdade é que é tudo fruto da imaginação de Pedro Reis.
Esta “paisagem do imaginário” venceu o III Prémio Mediterrâneo da Paisage”, em 2011. Na entrega do galardão, os responsáveis destacaram a notoriedade e a curiosidade que o projeto alcançou dentro e fora de Portugal.
Em relação à festa anual, que até consta da agenda turística do Algarve, vai realizar-se no fim de semana de 19 a 21 deste mês. Este ano, a iniciativa integra um programa mais vasto, a “receção ao verão IN Lagos 2015”.
“Pretende-se que Lagos seja o ponto de encontro de quem deseja saudar a chegada do verão, em ambiente familiar e comunitário. Por isso, o programa é aberto à criatividade dos locais e dos visitantes”, revelam os promotores do evento.
Muita música, desporto e animação
A tradicional festa da Aldeia da Senhora do Forte tem lugar às 17h00 de sábado, dia 20, no museu de Lagos. A iniciativa inclui “uma visita à aldeia, a quinta assembleia do povo, a entrega de diplomas aos novos amigos, a apresentação de mais um livro e um pequeno concerto”. A festa termina com a partilha do bolo.
Organizada pela junta de freguesia de Lagos (São Sebastião e Santa Maria), com o apoio da câmara municipal e da ACRAL, esta festa conta ainda com a participação de várias associações desportivas e culturais da cidade.
O programa estende-se por todo o fim de semana com a realização da “Receção ao Verão IN Lagos 2015”. Começa com o “Festival IN Lagos”, a partir das 17h00 de sexta (dia 19), no auditório municipal. Durante a manhã de domingo (21), no extenso areal da Meia Praia, decorrerá a “Receção ao Verão”, com muita atividade desportiva e muita animação.
Nuno Couto/JA
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