Vila do Bispo recebe 2º Festival do Perceve

ouvir notícia

.

A apanha dos perceves é uma das tradições mais antigas e lendárias na Costa Vicentina. Há décadas que os marisqueiros arriscam a vida nas falésias escarpadas e traiçoeiras para levarem até à mesa um dos petiscos mais saborosos vindos do mar. É para manter viva esta tradição que Vila do Bispo promove, entre hoje e domingo, o II Festival do Perceve

De 23 a 25 de agosto, o perceve volta a ser rei em Vila do Bispo, com a segunda edição do Festival do Perceve, que se realiza no pavilhão da Escola EB 2,3 de São Vicente em Vila do Bispo.

“Este evento gastronómico tem como objetivo promover o perceve, um produto local, que se pretende que seja imagem de marca do concelho”, adianta a autarquia.

- Publicidade -

Assim, durante os três dias do festival, o perceve estará em destaque, mas os visitantes poderão saborear outros mariscos de qualidade, como as lapas, os burgaus, os mexilhões, a moreia frita, as navalheiras, entre outros petiscos típicos de Vila do Bispo.

A organização preparou ainda, para esta segunda edição, uma exposição alusiva ao perceve e à sua apanha, a exibição do filme “Marisqueiros da Vila do Bispo – Filhos de um Mar Maior”, um espaço dedicado às crianças e animação musical, atividades que acontecem diariamente.

A Câmara de Vila do Bispo destaca ainda que “a apanha do perceve é uma atividade ancestral, de grande importância na economia e na gastronomia local”. “Neste sentido, a realização deste festival constitui uma mais-valia para o concelho e para Vila do Bispo – capital do perceve”, sublinha a autarquia.

A organização do festival está a cargo da Associação dos Marisqueiros da Vila do Bispo e Costa Vicentina e conta com o apoio da Câmara Municipal de Vila do Bispo. A entrada é livre.

Uma atividade arriscada

O perigo e a aventura caminham de mãos dadas nas falésias rochosas de Vila do Bispo. Sempre que o mar permite, os marisqueiros calculam os riscos, deslizam pelas rochas até à zona de rebentação e dedicam-se à apanha dos perceves, considerado por muitos apreciadores o rei do marisco.

“Os perceves são abundantes na Costa Vicentina, mas nem sempre fáceis de apanhar, devido aos locais de difícil acesso onde se encontram. Os marisqueiros descem as falésias para os apanhar, o que é extremamente perigoso dada a inclinação das mesmas. Às vezes, a sua vida depende do companheiro que fica em cima, junto à corda de segurança, para apanhar perceves nas rochas, expondo assim as suas vidas a perigos constantes”, adianta a Associação de Marisqueiros de Vila do Bispo e Costa Vicentina.

Com a recente legislação, que veio fixar limites nomeadamente em termos de tamanho mínimo de apanha e de quantidades máximas diárias por apanhador (seja lúdico ou profissional), o percebe vê a sua procura e o rol de apreciadores aumentar exponencialmente de ano para ano, bem como o seu valor comercial.

Em Vila do Bispo, a apanha deste crustáceo continua a fazer-se com alguma intensidade ao longo da costa, sendo ainda uma tradição que pode e deve ser preservada.

“É uma atividade que tecnicamente conta com as mesmas ferramentas que, desde tempos antigos e com as mesmas manhas de então, eram utilizadas na busca do local ideal e do melhor percebe, mas longe vão os tempos em que o percebe era apanhado com o auxílio de uma enxada, tal era a sua abundância”, referem os marisqueiros, que se queixam das lacunas existentes na legislação e da falta de fiscalização, que fazem crescer o número de indivíduos que se dedicam ao “mercado paralelo”.

“Atividade ancestral de enorme importância”

Apesar de tudo, a Associação de Marisqueiros de Vila do Bispo e Costa Vicentina salienta que os perceves continuam a sustentar muitas famílias na Costa Vicentina. “É um marisco de grande importância na economia e gastronomia local. Muitos marisqueiros dedicam-se à apanha e comercialização profissional deste marisco”, realça a associação, lembrando que a apanha do perceve é “uma atividade ancestral de enorme relevância”, sendo por isso “necessário preservar e procurar formas sustentáveis de manter um recurso natural do qual muitas famílias do concelho dependem”.

JA

- Publicidade -
spot_imgspot_img

Deixe um comentário

+Notícias

Exclusivos

5 COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.