A tão desejada Feira da Praia regressa dois anos depois

Os visitantes, residentes e comerciantes de Vila Real de Santo António ansiavam pelo regresso da Feira da Praia, que decorre desde dia 7 até 15 de outubro, depois de dois anos de interrupção devido à pandemia de covid-19. Milhares de pessoas já percorreram o certame, que teve o dia 12 de outubro como o ponto alto e ruas cheias, pois é feriado em Espanha e existe a tradição de nuestros hermanos atravessarem o Guadiana, para aquela que é a feira mais internacional da região

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Já não é como antigamente, mas a Feira da Praia continua a ser um dos grandes eventos do ano para a região e em especial para o município de Vila Real de Santo António.

Antes da construção da Ponte Internacional do Guadiana, em 1991, os espanhóis invadiam a cidade iluminista por estes dias através do ferry-boat.

Cada vez que o barco atracava em Vila Real de Santo António, uma ‘manada’ de espanhóis invadia as ruas da cidade e da feira à procura dos produtos mais típicos da zona: atoalhados, café, loiças e artesanato, tal como acontece atualmente, mas em diferentes moldes.

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As lojas do centro da cidade ‘transportavam-se’ para as suas portas, levando consigo os produtos com mais procura e até os próprios balcões. Para estes dias eram (e ainda são) contratados colaboradores temporários para ajudar a vender e evitar os roubos, menos relatados atualmente.

Avenida em dia de Feira – Foto CM VRSA

Os horários de trabalho alargam-se e atrás dos balcões nascem autênticas cozinhas, tal como fazem os feirantes junto dos seus expositores. O objetivo: não perder tempo e aproveitar estes dias de maior movimento.

“Sempre monótona, sempre igual a si própria, tradição que o peso dos anos não rebenta nem altera”, escrevia José Cruz no JA em 1971, sobre a feira.

Agora os espanhóis atravessam a ponte de carro, passam por Castro Marim e chegam a Vila Real de Santo António em poucos minutos, deparando-se apenas com o problema do estacionamento, que agora é pago e escasso.

“Em Vila Real de Santo António, é internacional. Não nos artigos expostos, – a não ser nos importados -, mas pelos frequentadores. O turista (sim porque esta é uma terra de turismo, apesar desse fator ser muitas vezes olvidado como agora) inglês, francês, alemão e acima de tudo nuestros hermanos que aqui acodem, ávidos das bijuterias com que presenteiam a vaidade e el café que es mui bueno merece muito mais”, acrescentava José Cruz, na altura.

Praça Marquês de Pombal

A feira ocupa maior parte da Avenida da República, junto ao porto de recreio, mas extende-se à Praça Marquês de Pombal, ondem ficam situados os expositores relacionados com comida e bebida.

A localização da feira na Avenida da República é, no entanto, um ‘pau de dois bicos’ para os comerciantes daquela rua: por um lado têm a feira e os seus visitantes à porta, por outro lado a rua fica fechada durante vários dias antes e depois do certame, prejudicando o negócio, devido ao elevado tempo de montagem e desmontagem dos expositores, impedindo a circulação de veículos e consequentemente, menos clientes.

A zona norte desta artéria é dedicada aos mais novos, com os carrosséis e outras diversões cuja música se mistura e se espalha por toda a cidade, todas as noites. Já a sul temos uma novidade: a roda gigante, que passou todo o verão em Monte Gordo.

Os feirantes, vindos de todo o país, vendem de tudo: brinquedos, vestuário, guarda-chuvas, artigos de decoração, flores, frutas, legumes ou enchidos, que fazem as delícias dos visitantes, ano após ano.

A feira é também um sinónimo de convívio. É por esta altura que os residentes do concelho se encontram mais frequentemente nas ruas e na feira, juntando-se depois nas áreas de restauração entre uma sandes de porco e uma cerveja, ou uma fartura.

A Feira da Praia remonta ao ano de 1765, quando era realizada em frente aos areais de Monte Gordo. Só em 1774, aquando da fundação de Vila Real de Santo António, é que o certame foi transferido para a cidade, com o objetivo de promover as pescarias.

“Feira! Afinal tudo cansa! Mesmo sendo uma em cada ano, os anos correm vertiginosos para que de um a outro olvidemos”, concluía José Cruz em 1971. Para o ano há mais.

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