Paraíso algarvio no caminho da transição energética e da sustentabilidade

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Integrada no Parque Natural da Ria Formosa, a ilha da Culatra é uma das ilhas-barreira que separa o Oceano Atlântico da Ria. Acessível por barco a partir de Faro e Olhão, nesta pérola oceânica reina a beleza natural, a qualidade dos tesouros gastronómicos e a tranquilidade num ambiente propício ao descanso. As suas águas transparentes e os extensos areais são cada vez mais procurados por turistas, amantes da natureza e praticantes de desportos náuticos. Para garantir a preservação deste paraíso, a comunidade local juntou-se para implementar medidas que transformem a Culatra numa eco-ilha, pioneira ao nível da sustentabilidade ambiental

O caminho da sustentabilidade só será possível “se todos, residentes e visitantes contribuírem responsavelmente para um bem comum: melhorar a qualidade de vida de quem aqui reside e trabalha, protegendo ao mesmo tempo os recursos e a identidade da ilha”. Este é o manifesto do projeto ‘Culatra 2030 – Comunidade Energética Sustentável’, iniciativa criada em 2019. Nesse ano, a Universidade do Algarve (UAlg), em colaboração com a Associação de Moradores da Ilha da Culatra, submeteu uma proposta ao Secretariado Europeu das Ilhas, altura em que a ilha foi selecionada como uma das seis ilhas piloto para desenhar uma Agenda para a Transição Energética.

Atualmente, a iniciativa ‘Culatra 2030 – Comunidade Energética Sustentável’ é um projeto piloto de transição energética que abrange múltiplos aspetos no que toca à chamada “transição verde”. Para os precursores do projeto, “a chave do sucesso está na participação ativa de toda a comunidade da ilha”.

O primeiro barco de pesca movido a energia solar

Sistema Energética criado a pensar no futuro
No dia inauguração do primeiro barco de pesca movido a energia solar e do parque fotovoltaico da ilha da Culatra, a 19 de julho, na presença da secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho, foi também criada a Cooperativa para o Desenvolvimento da Ilha da Culatra (Culatra CooP). A Culatra CooP, formada exclusivamente por culatrenses, capitalizará os resultados do Culatra 2030 “pela sustentabilidade ambiental e identidade da ilha”. Caberá também à Cooperativa o papel de representar legalmente a Comunidade de Energia Renovável (CER). A criação de uma CER permitirá cativar na ilha parte dos lucros que ganham as operadores de rede com a venda e distribuição de energia, “dinheiro que poderá ser investido no aumento da capacidade de geração”, explica a Cooperativa.

Foi o projeto “Descarbonização da Atividade de Aquicultura (cofinanciado pelo MAR2020) que possibilitou o desenvolvimento tecnológico de barco solar para os viveiristas da ilha, construído em parceria com a empresa Sunconcept. Cada barco conta com um conjunto de painéis fotovoltaicos que alimentam uma bateria de 17,5 kWh. Foi também financiado um ponto de conexão à rede elétrica na zona dos apoios de pesca, permitindo a interação com a restante instalação fotovoltaica. Todo o sistema foi projetado para que possa existir monitorização de geração e controlo remoto, integrando-se assim com um sistema de gestão de energia projetado e em fase de desenvolvimento na Universidade do Algarve.

O ‘copo único’ é uma das medidas que faz parte do plano de sustentabilidade da ilha

Plano de Ação para o Turismo Sustentável
Em paralelo, a Culatra encontra-se também a implementar no terreno (e nos cais de acesso à ilha) o Plano de Ação para o Turismo Sustentável da ilha. O objetivo tem passado pela definição de estratégias para a criação de novas tipologias de turismo sustentável que visam contribuir para a descarbonização da Ria Formosa. O documento é constituído por seis eixos estratégicos, entre os quais se podem encontrar medidas como a geração de um mecanismo local de governança turística, a articulação, parceria e cooperação com entidades e entre os próprios agentes locais e a capacitação dos recursos humanos.
A equipa Culatra 2030 é hoje constituída por investigadores do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) e do Instituto Superior de Engenharia da Universidade do Algarve, a Make it Better, uma Associação para a Inovação e Economia Social, membros das três associações do Núcleo Piscatório da Culatra, i.e., a Associação de Moradores da Ilha da Culatra, a Associação Nossa Senhora dos Navegantes e o Clube União Culatrense, jovens empresários do setor da pesca, ostricultura e viveirismo.
Nesta ilha pode-se observar a rica flora dos campos dunares e numerosas espécies de aves que convivem naquelas paragens calmas, onde as águas são cálidas e tranquilas. Após duas horas de caminhada para leste chega-se à Barra Grande, onde se podem apreciar as convidativas piscinas naturais arenosas e uma paisagem sempre em mutação. Na Culatra, antiga povoação piscatória, localizam-se alguns dos restaurantes especializados no famoso arroz de lingueirão ou na caldeirada, que mistura as muitas variedades de peixe que ali abundam.
Recorde-se que recentemente a Região de Turismo do Algarve (RTA) lançou uma nova campanha com o objetivo de sensibilizar os visitantes para um turismo sustentável e chamar a atenção para as consequências das alterações climáticas num destino repleto de riqueza natural. “A Natureza não tira férias” é o mote da nova campanha que se vai prolongar até setembro e que apela a que as boas práticas ambientais sejam mantidas por todos, mesmo em período de férias. A campanha de sensibilização disponibiliza um microsite (tempodecuidar.visitalgarve.pt) com 12 sugestões sobre comportamentos amigos do ambiente que devem ser adotados pelos turistas em férias e outras informações sobre a sustentabilidade no Algarve.

Joana Pinheiro Rodrigues

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