Sócrates afirma que “Primeiro-ministro precisa de cultura democrática”

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O ex-primeiro-ministro, que a partir de hoje assume semanalmente o papel de comentador político, afirmou-se “desolado” com o estado do país e deixou a interrogação sobre se “valeu a pena” a crise política de 2011 para se chegar aqui.

Falando apenas duas horas e meia após a comunicação de Pedro Passos Coelho ao país, o ex-primeiro-ministro qualificou as palavras do seu sucessor como “verdadeiramente inquietantes”, acusou-o de dizer “coisas impensáveis” e concluiu que Passos “cometeu um erro” ao transformar o Tribunal Constitucional num inimigo político, tratando-o “como se tratasse de um partido da oposição”.

Qualificando a decisão do TC como “tolerante”, “competente”, “independente” e corajosa, sentenciou: “O erro não é do TC mas do Governo”. Lembrou que os dois orçamentos elaborados por este Executivo foram considerados inconstitucionais e, frisando que “a ideia de que não consegue governar com esta Constituição é uma ideia antiga”, sugeriu que o primeiro-ministro “precisa de ter uma cultura democrática e constitucional mais apurada”. “É absolutamente inacreditável que venha dizer que o TC põe em causa os interesses nacionais”.

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Mas também Cavaco Silva não foi poupado na análise de José Sócrates, que considerou “um erro de julgamento” o Presidente não ter enviado o OE para fiscalização preventiva, como muita gente lhe sugeriu. Teria sido “do mais elementar bom senso”, considerou o comentador, que também lamentou que Cavaco tenha conferido ao Governo a “moção de confiança” que este, numa “extraordinária prova de fraqueza”, lhe foi solicitar.

“Um movimento no sentido patriótico”

Sobre o PS Sócrates voltou a ser cortês. Ao apresentar a moção de censura, o PS consumou “a rutura com qualquer possibilidade de compromisso com esta linha governativa” e “cumpriu o seu dever para dar expressão política ao descontentamento”, disse. E partilhando das razões de queixa da atual direção socialista confirmou o argumento que tem sido usado por António José Seguro: “a responsabilidade desta rutura é inteiramente do Governo”.

Por esclarecer ficou o que Sócrates defende que deve acontecer agora para o país sair desta situação. O ex-primeiro ministro defendeu “um movimento no sentido patriótico” que, para já pelo menos, traduziu apenas na necessidade de se “mudar a política” (voltando a usar a terminologia a que já tinha acorrido na entrevista de dia 27: “parem de escavar”), para logo voltar às críticas a Passos: “É um caso clássico de separação entre poder e autoridade”.

Os minutos finais deram ainda para comentar sumariamente a demissão de Miguel Relvas: “é tardia”. E para acusar os que comparam os termos da licenciatura de Relvas com os da sua própria de só agirem “por má fé”. “Fiz oito anos de ensino superior, sete numa universidade pública (…) qualquer comparação ofende-me”.

JA/Rede Expresso

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